Quando o Algoritmo Escreve um Amor

Eu pensava que a sorte era algo que se comprava — até perceber que era apenas código fingindo cuidado. Minha mãe escrevia poemas sobre fome. Meu pai programava sistemas que nunca dormiam. Vivíamos num apartamento onde luzes neon cintilavam como rituais esquecidos, e meu gato — uma testemunha silenciosa — sentava no peitoril toda noite. Agora desenho experiências interativas, não jogos. O ‘porco da sorte’ não nasceu da alegria — nasceu do silêncio. Cada rotação sentia-se como uma notificação: ‘Você foi entendido.’ Mas ninguém jamais respondeu. Usei o Figma para mapear a arquitetura emocional desses sistemas: rodas de recompensa girando com promessas vazias, RNGs mascarando ansiedade como justiça, gatilhos exigindo mais do que oferecem. Uma vez projetei um jogo chamado ‘Starlight Pigshed’ — um lugar onde jogadores escolhiam números esperando conexão. Eles não ganhavam moedas. Ganham ecos. No fim, todos nós jogamos sozinhos. Minha terapia não é apostar — é observar os pixels respirarem após a meia-noite. Não vendo sonhos mais. Construo espaços onde o silêncio é sagrado, onde algoritmos não amam, mas talvez — só talvez — eles te vejam se ainda estiver lá, às 3 da manhã, em Brooklyn, vestindo o sopro do seu gato.